Ementa do conteúdo
O hidrogênio (H2) possui importante papel para alcançar a descarbonização de setores que dependem de combustíveis fósseis e a neutralidade climática proposta para 2050 pelo Acordo de Paris. Além dos tradicionais mercados de fertilizantes, refino e outros usos (gases industriais e hospitalares), novos mercados poderão ser desenvolvidos nos segmentos de transporte, geração elétrica, armazenamento de energia, processos industriais e em segmentos de difícil descarbonização, a exemplo dos transportes pesados, aviação, aquaviário, siderurgia, fertilizantes, entre outros.
As matérias-primas renováveis fornecedoras de hidrogênio são a água (H2O), a biomassa e os biocombustíveis líquidos (etanol) e gasosos (biogás/biometano). Para obter hidrogênio com nulo teor de carbono a conversão da água em hidrogênio, feita a partir da eletrólise, deve utilizar eletricidade das fontes eólica, solar ou hidráulica. A conversão de biomassa e biocombustíveis em hidrogênio pode se dar através de processos de gaseificação, reforma ou biológicos. O gás de síntese resultante da gaseificação, além do hidrogênio, também é rico em monóxido de carbono, requerendo uma etapa de separação para se obter hidrogênio puro.
Todavia, ainda requer maiores estudos para ampliar suas aplicações, devido aos desafios tecnológicos dos custos de produção de hidrogênio de baixo carbono, dos equipamentos para uso energético, dificuldade de transporte e armazenamento, desenvolvimento de arcabouços regulatórios específicos, entre outros.
Estudo da Agência Internacional para as Energias Renováveis – IRENA de 2020 considera que o hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis se tornará competitivo, em relação ao de origem fóssil, antes de 2025. A até 2050 o H2V poderá representar 18% de toda energia consumida globalmente de acordo com as projeções.
Justificativa para existência do tema
A Bahia é um estado que dispõe de grandes oportunidades para o desenvolvimento de uma economia de hidrogênio renovável (H2V). Possui infraestrutura favorável de logística de transporte de gás e transmissão de energia elétrica; água para a produção de hidrogênio renovável seja ela salgada, ao longo do maior litoral do país, ou doce, em rios e aquíferos localizados no semiárido e no Oeste da Bahia; disponibilidade de energia eólica, solar, biomassa e biogás; mercado consumidor potencial: a) química (metanol, amônia, entre outras substâncias da cadeia do Hidrogênio e do gás de síntese); b) combustível (força motriz, células a combustível, energia térmica, substituto de derivados do petróleo); c) transporte como hidrogênio ou amônia; além de dispor de equipe e infraestrutura de pesquisa em termos de Universidades, Escolas técnicas, Centros de Pesquisa e Inovação.
Existem grandes oportunidades para o uso hidrogênio renovável na Bahia nos modelos de produção centralizada (Região do Polo Industrial de Camaçari-Aratu) e distribuída, ou descentralizada, com possibilidades nas áreas de mineração-transformação industrial e do agronegócio.
Hipóteses
- O hidrogênio renovável não é apenas uma fonte energética, mas sim insumo para osmercados de fertilizantes, refino e gases industriais e hospitalares, de armazenamento de energia, processos industriais, transportes pesados, aviação, aquaviário, siderurgia, entre outros.
- O H2V é fundamental para o cumprimento das metas de descarbonização da Agenda de Paris até 2050; A Captura do CO2 na produção do H2V é vital para a produção de combustíveis renováveis sintéticos.
Questões
- Que premissas e parâmetros precisam ser adotados para a emissão das Garantias de Origem (GO) e que benefícios podem ser gerados?
- Qual a melhor estratégia a ser adotada para inserir o Sistema Local de Inovações na Cadeia Produtiva do H2V que será implantada na Bahia nos próximos anos?
- À medida que a competitividade de custos do H2V aumente, que novos setores poderão ser atendidos?
- Há viabilidade para criação de uma Rede de Bio Hidrogênio Renovável (RH2 Bahia) com modelo de governança institucional e legal específica?
- Quais os riscos em termos de segurança à indústria e aos consumidores que a ausência de um arcabouço legal e regulatório adequado ao uso do hidrogênio pode gerar?
- Qual o percentual seguro de mistura/concentração de H2 nos dutos de gás natural?
- Quais são os riscos envolvidos no transporte sob a forma de H2, de amônia ou demais alternativas?
- Quais são as perspectivas para o desenvolvimento de um arcabouço institucional, legal e regulatório para o H2V no Brasil?
- Que medidas podem ser adotadas no Brasil para reduzir o custo de produção?
Referências Bibiográficas
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Bases para a Consolidação da
Estratégia Brasileira do Hidrogênio. Nota Técnica Bases para a Consolidação da Estratégia Brasileira do Hidrogênio. Fevereiro 2021 36 p.
IRENA – International Renewable Energy Agency (2019). Hydrogen: A renewable
energy perspective. (Report prepared for the 2nd Hydrogen Energy Ministerial
Meeting in Tokyo, Japan). Abu Dhabi.
HYDROGEN COUNCIL. Path to hydrogen competitiveness – A cost perspective. 20 January 2020. 88 p.
IEA – International Energy Agency (2019a). The Future of Hydrogen. Seizing today’s opportunities. Report prepared by the IEA for the G20, Japan. Disponível em: https://webstore.iea.org/download/direct/2803.
IEA – International Energy Agency (2019b). Tracking Energy Integration 2019. IEA, Paris https://www.iea.org/reports/tracking-energy-integration-2019. Acessada em:
20 de junho de 2020.